21 de maio de 2015

O calendário



No calendário de folhas da minha vida é sempre Outono,

E como a criança que tenta resistir ao sono,

Eu tento resistir ao abraço da morte,

Mas Deus, ou a natureza, ditaram a minha sorte.


Como o rio que nasce na montanha,

E cresce até se perder no mar,

Eu nasci para ser lenha,

Para a morte queimar.


Recordem-me como uma sombra do que não existiu,

Recordem-me como o sussurrar de um rio,

Não me dêem mais corporeidade que ao som de um realejo,

Peço-lhes! Cumpram este meu desejo.


Lisboa, 21 de Maio de 2015.

José Baptista

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