25 de outubro de 2009

O Tempo


O despertador é um objeto abjeto.
Nele mora o Tempo. O Tempo não pode viver sem
nós, para não parar.
E todas as manhãs nos chama freneticamente como
um velho paralítico a tocar a campanhinha atroz.
Nós
é que vamos empurrando, dia a dia, sua cadeira de
rodas.
Nós, os seus escravos.
Só os poetas
os amantes
os bêbados
podem fugir
por instantes
ao Velho...Mas que raiva dá no Velho quando
encontra crianças a brincar de roda
e não há outro jeito senão desviar delas a sua
cadeira de rodas!
Porque elas, simplesmente, o ignoram...


Mario Quintana

Um comentário:

InFeto - um artista organoreciclável. disse...

Ele nos massacra, ele nos ajuda, ele nos feri, ele nos da esperança. É o senhor dos senhores que temos que ser meros espectadores. ABraços

http://poesiafotocritica.blogspot.com/