10 de outubro de 2015

Mesopotâmia


Nas terras férteis da antiga Mesopotâmia,
Entre o rio Tigre e o rio Eufrates,
Reinam agora a violência e a infâmia,
Travam-se os mais sangrentos combates.


Nessa terra outrora fértil e generosa,
Onde a vida já foi fresca e saborosa,
Semeia-se agora o medo e o terror,
Colhe-se desmesuradamente a dor.


Milhares de homens com uma arma na mão,
Gritam morte ao infiel cristão,
Cometem chacinas e executam decapitações,
Mostram ao mundo as suas cruéis intenções.


Querem reconstruir o grande Califado,
Nem que para isso metade do mundo fique desabitado,
Acreditam que a Guerra Santa conduz à salvação,
Mas a Guerra nunca é santa, é sangue e desolação.


Agora, por terras áridas, secas e gretadas,
Deslocam-se populações desesperadas,
Fogem da Guerra e da extrema violência,
Partem à procura de um país chamado sobrevivência.


A morte, a insaciável amante,
Segue-os, nem de perto, nem distante,
Somente com paciência espera,
Que se apague a chama que a vida gera.


O melhor dos homens, nesse local da natureza,
Duvida de tudo que antes tinha como certeza,
Envolto por um mundo de violência e dor,
Ardem-lhe nos olhos lágrimas de amor.


O povo que antes vivia na antiga Mesopotâmia,
Vive agora num campo de refugiados na Jordânia,
Fugiu da Guerra, perdeu a pátria e o lar,
Perdeu a fé em Deus, deixou de acreditar.

Por José Baptista
Lisboa

3 comentários:

Unknown disse...

quem fez ta de parabens 👏

Emilene Soares de Oliveira disse...

Parabéns pelo Blogger. A poesia encanta e é disso que o mundo precisa. Estive navegando na internet e descobri um poeta ainda bem desconhecido do grande público. Fiquei simplesmente encantada com seus poemas. Comprei até o seu eBook que está disponível na plataforma da Amazon. O titúlo do livro é: 70 Anos de Solidão: Vou postas um dos poemas dele, acho que ele não vai se aborrecer comigo.

Outono Triste
Nesse outono a poesia perdeu a elegância;
Sem o brilho e o lirismo de outras estações.
Não se fala de amores nem de paixões, e
eclodiu na alma espasmos de dor e ânsia.

O cenário atual é de profunda desolação!
E o nosso povo alegre perdeu a esperança;
Pois a dor da perda que ficou na lembrança;
Deixou cicatrizes indeléveis no coração.

Nesse outono triste o poeta desolado chora.
Pois seus versos perderam a singular emoção;
Como as flores de um final de estação,
Na chegada taciturna e rigososa do inverno.

Não há, pois, motivo algum para celebração!
A alma desfigurada está imersa em tristeza;
Nossa gente vive agora tantas incertezas,
Que o sorriso desapareceu da face humana.
Poeta: José Rossini Costa Machado

Emilene Soares de Oliveira disse...

Outro belo poema do poeta José Rossini Costa Machado - Também do Livro: 70 Anos de Solidão.Singelo e encantador. Acho que está surgindo sem dúvida mais um nome da poesia no Brasil..

Devaneios

Eu queria ser como o mar que amedronta.
Eu queria ser como o vento que sopra forte,
E a montanha que desafia o tempo,
Eu queria ser como sol cuja luz nunca apaga,
E a sequoia gigante que reina por sobre a floresta.
Eu queria ser como a lua rainha soberana da noite,
E o aconchego de uma criança no ventre de uma mulher.
Eu queria ter asas e poder voar alto, acima dos meus
sonhos.
Eu queria ter esses poderes e poder zombar da morte.
Eu queria que a humanidade tivesse melhor sorte,
E que os homens fossem eternas crianças.