6 de fevereiro de 2014

Ao Pé de Sua Cama



Devagarzinho, envolto em um poncho de sonhos
(agora vejo quão velho está)
          chego até sua janela, aquela
que namoro todo dia...

Meu raio de luz deixo amarrado ali mesmo
      (ele não irá embora enquanto brilhar)
e entro em seu quarto -- e em seu sonho.

Olho para você e penso
meu Deus, como é linda e como é intenso
o amor que sinto por ela!
Seu anjo da guarda, coitado, cochilava
          cansado de tanto cuidar de você
e nem ligou

Pensou
que fosse seu sonho e também bocejou...
Braço desnudo por sobre a coberta.
         cabelos espalhados
lábios entreabertos.
por certo
sonhava você: com quê? com quem? Sabe-se lá...

Tento gravar esse quado num
               tipo de memória só minha, mas não consigo
e me intrigo
por que?

Porque desejo você, amo você.
     quero você, dentro do coração
dentro da cabeça, dentro de todo meu ser,
         da minha própria ilusão
vocêvocêvocêvocêvocêvocêvocêvocê...
só você e só eu, nesse azul de tudo.
       no meio do tempo, no fim do espaço
no começo da vida!

Com a sombra dos dedos acaricio seu rosto
Agora iluminado por mais luz
como se mais luz não quisesse deixar você.
ciumenta que ela é!

De repente, não mais que de repente
       nem menos que um momento,
seus olhos - ah esses olhos- se 
        abrem num contato
e a lua, com vergonha de seu brilho
se esconde um pouco.

No quase-escuro do quarto você me pede
     - voz sonolenta e baixa-
"me faça um poema, um poema de amor"
Não posso, respondo aflito
quase como um grito
Não posso, não tenho mais verso, não tenho
mais rima, Não tenho mais tema....
Por que?

Porque você é meu poema,
meu poema de amor,
minha rina mais rica,
meu verso mais brilhante,
meu tema mais intenso.

Meu poma mais querido, mais sonhado, mais amado.
meu poema de alegria que coitado.
nunca foi sequer, balbuciado...
Você sorri, faceira e fecha os olhos
        -ah!, esses olhos-
e pensa '" amanhã afinal
tudo será real

Mas no amanhã  --menina querida -- não estarei
        mais aqui nem ali;
amanhã vou estar onde sempre estive, no longe,
        no distante, no espaço.

no movimento de um compasso,
no adeus...

Me envolvo
de novo
em meu poncho de sonho
     (aqueles velhos e antigos sonhos)
e me ponho a partir.

Olho você   --última vez-- e vou embora agora

no próximo raio de luar-
-
-
-
-sozinho-
-
-
-
-sozinho e 

              sem você.

Poema enviaqdo por Ricardo Osinski, de sua autoria

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