Não
são palavras que vão aqui encontrar,
São
as lágrimas que sinto verter,
Por
não parar de pensar,
A
destruição não emergiu das profundezas,
Veio
de cima, explodiu no ar,
Só
porque alguns homens deliram com grandezas,
E se esquecem do
seu verdadeiro lugar.
Arrancaram
a pele à dor e soltaram-na sobre Hiroshima,
E
ela com fúria de fera acossada,
Atirou-se
a tudo em que punha a vista em cima,
Destruiu, matou,
feriu, e por fim afastou-se cansada.
O
pássaro já não cantou, morreu,
A
luz não iluminou, cegou,
A
água não secou, ardeu,
E a morte quando
lá chegou, chorou.
O
que viu, não foram os escombros de uma cidade,
Foi
um retrato escuro do inferno,
Foi
o mal, a doença e a insanidade,
A perpetuarem-se
no eterno.
A
verdadeira dor não está aqui escrita,
A
verdadeira dor ficou nos olhos das crianças que cegaram,
Ficou
nos milhões de orações de desgosto que se rezaram,
Embora
a dor também aqui exista.
Lisboa,
22 de Junho de 2015.
José Baptista
3 comentários:
Poxa, preciso dizer que acompanho com muito gosto o blog e que dos blogs de poesia esse é com certeza um dos meus favoritos principalmente por tratar de poesia de verdade. Gostei demais do poema e mais uma vez parabéns pelo trabalho.
"J"
Poema muito realista que caracteriza a tragédia humana e o sofrimento dos mais desprotegidos -crianças, idosos...
Agradeço que possam dar uma olhadela no meu blog - "Os versos do Laurentino"
"Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas"
Vinicius
Adorei o blog!
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