8 de novembro de 2015

Só afeto, Companheira



Para a Claudia
                           

É só afeto o que quero
(e partilho) companheira:
afeto de modo que um
afeito ao outro se agregue
e se complete.
Afeto afeito
ou aflito:
a pele colada à pele
o pêlo pregado ao pêlo
os côncavos a convexos
úmidos túmidos entregues
em ofegos cegos.
Eis então que te preencho
  cada brecha cada fresta
cada recesso
entre ânsias
ameixas nichos porões.
E a fenda  a concha
no vórtice
no vértice das roxas
contrações.
Eu aríete e aresta
atrito e festa
com um mar de dedos
e degredos  sondas
em tuas ondas  em
teus mais ricos
receios  em teus
mais tenros anseios
sussurros  bicos.
Eu todo beijos e bilros
nas bordas e nos bordados
depois em pétalas
e gemas petúnias
assomos gomos.
Só afeto
companheira:
o sangue dentro do
sangue a semente rente
ao ovo do renovo.
Até o último
suspiro
das nossas tramas
até a última pira
das nossas chamas
até o último amparo
dos nossos poços
até os últimos destroços
dos nossos ossos.
Só afeto
companheira.

Por Mauro Gama 

7 comentários:

Unknown disse...

Linda poesia..

Unknown disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
AiA disse...

Lindo!

Nadine Granad disse...

Belo!
*aplausos*

Marli Fiorentin disse...

Poesia que expõe a nudez da alma.

Glenda Almeida Pratti disse...

Muito interessante.

Anônimo disse...

Adorei.