Para a Claudia
É só afeto o que quero
(e partilho) companheira:
afeto de modo que um
afeito ao outro se agregue
e se complete.
Afeto afeito
ou aflito:
a pele colada à pele
o pêlo pregado ao pêlo
os côncavos a convexos
úmidos túmidos entregues
em ofegos cegos.
Eis então que te preencho
cada brecha cada fresta
cada recesso
entre ânsias
ameixas nichos porões.
E a fenda a concha
no vórtice
no vértice das roxas
contrações.
Eu aríete e aresta
atrito e festa
com um mar de dedos
e degredos sondas
em tuas ondas em
teus mais ricos
receios em teus
mais tenros anseios
sussurros bicos.
Eu todo beijos e bilros
nas bordas e nos bordados
depois em pétalas
e gemas petúnias
assomos gomos.
Só afeto
companheira:
o sangue dentro do
sangue a semente rente
ao ovo do renovo.
Até o último
suspiro
das nossas tramas
até a última pira
das nossas chamas
até o último amparo
dos nossos poços
até os últimos destroços
dos nossos ossos.
Só afeto
companheira.
Por Mauro Gama
7 comentários:
Linda poesia..
Lindo!
Belo!
*aplausos*
Poesia que expõe a nudez da alma.
Muito interessante.
Adorei.
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