Fonte: http://www.pureviagem.com.br/noticia/buenos-aires-a-noite-animada-da-capital-da-argentina_a20845/1 |
À meia noite, Buenos
Aires é um delírio
De pólvora e concreto
esfarelado
Quando a fome entra
ligeira, garganta a dentro,
E cada metro
percorrido
faz da calle
Corrientes, um pedaço esquecido do mundo
Na próxima esquina, a
do esquecimento inóspito,
dos chicas se devoram em meio às sombras da
madrugada
Juntas, pulsam ao
ritmo elétrico da boate fluorescente
Hay vivir solo, cabron
?Si, pero ya lo
soy, che?
Pigarreio as horas
?Lo que puedo hacer, sonreir?
Dois meninos cambaleiam
até um velho automóvel
El chico uno lleva gafas
O outro, um cacho de bananas nanicas
Que me doem de desejo
Me acosté con hambre los últimos tres días
E os faróis e
estações caminham pela calle Santa Fe
Tudo converge para o
vendaval que preenche
as cadeiras vazias do
Rincon Norteño
Me gustaria una hamburguesa completa
Mi humanidad pide que mi hambre se va
A fome é o desejo de
esfarelar o cotovelo gasto,
o arranhar da barba
pela vitrine fedorenta na dispersão da noite,
o rasgo no saco de
lixo tóxico na esquina com a calle Riobamba
Como son felices, no? Padre, Madre y chicos
Assim como o meu
salto desgraçado pelo sistema métrico
que cruza o Oceano
Índico
e termina a dois
passos do Sul
em meio a transa dos
trópicos
No puedo ayudarte,
joven
Todos sabem que é
impossível medir o desejo
Ou os passos entre a
lua
e o pé do estômago
Un viejo me llama y lo escucho
?Usted sabe que es posible predecir el futuro cuando los zapatos
inundan la Recoleta?
?En serio? Si,
compañero,
Mesmo quando o passo recuerda la lluvia y saudade,
indivisíveis e
crônicas
Por cima do seu
ombro,
pois já não há mais
ombros lúcidos em Buenos Aires,
encaro, atônito, o
breu que colore
o melancólico
dezembro
? Qué pasa, che boludo?
Não há luzes de natal,
? Se volvió loco,
hombre?
Como pode haver natal sem luzes coloridas?
Una chica sorri e sussurra entre dentes
Como se llama, brasileño?
Pero, não la escucho
Mis pensamientos são de las luces parpadeantes
Mis ojos ahora piscam sem cessar
Pues não adianta
nada mais adiantará
Ya que no hay hambre no porão
E Buenos Aires pode
tentar
Mas jamais será o
trópico leste do mundo
Anderson Estevan é paulistano, poeta e jornalista. Autor de "Cores Primárias" (2013), pela editora Multifoco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário